Estel@
Naqueles tempos quando chegava a Semana Santa não se comia carne e se guardava o Santíssimo com profundo respeito e até um pouco de medo porque entre o respeito e o medo a linha era tênue.
Na grandiosa Matrizes Santos eram cobertos num sinal de luto. As crianças não cantavam seus cânticos pois não era uma semana comum.
Aprendi que Poncio Pilatos lavou as mãos para não julgar Cristo. Hoje tem muitos Poncios por aí só que com uma roupagem contemporânea pora julgando o seu semelhante, pora abstendo de um julgamento digno.
Aquele que é o simbolo da traição Judas que beijou a face de Cristo e o traiu ainda tem muitos discípulos por aí beijando a face de crianças velhos e necessitados traindo seu semelhante e corrompendo seus ideais.
E Cristo morreu para nos salvar!
O que mais me chamava a atençãoe me comovia era a
imensa procissão do Senhor Morto em um andor carregado por homens com capas pretas e cordões vermelhos que eu não sabia o significado.
Mas também me divertia na inocência de uma criança com os anjos as vezes com uma asa caída e assoprando a mão pois a cera da vela acesa sempre respingava. O coroinha a balançar o incensário e o som da matraca mas muito compenetrada no simbolismo do momento.
Olhando o horizonte aquelas velas acesas na subida da rua seria a esperança de Luz para todos?
Mas o que mais ansiava era o comovente encontro de Maria com seu Filho. Lágrimas brilhavam em todos os olhos e hoje quantas Marias não choram do mesmo jeito pelos seus filhos que foram apedrejados maltrados pela guerra, fome e violência.
E Cristo morreu para nos salvar!
Na descida da procissão eu reparava nas janelas das casas com toalhas roxas que significava penitência, aflição e melancolia pelo menos era o que minha mãe dizia. Tendo apenas um crucifixo eu olhava aquilo atentamente e sabia que era um luto uma dor, uma perda e um dia de profundas tristeza somente suaviavizado pela Ressurreição.
E assim descia a rua principal onde tudo terminava na mesma igreja onde tudo começou.
Todos se retiravam em silêncio o altar da igreja continuava desnudo sem arranjos florais no Sacrário. Era um dia austero sombrio e silencioso mas com uma grande esperança na glória da Ressureição o viver novamente
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