segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Cenas de um cotidiano...byEstel@

Selo  que ganhei do grupo Cantando e Poetizando
pela cronica - Cenas de um cotidiano
É com muito orgulho que agradeço ao grupo e
a owner , minha amiga Luiza Braguin

Cenas de um cotidiano
Estel@


Toda ida tem uma volta, e voltando de uma cidade vizinha, um sol de rachar manona, peguei uma estrada vicinal de terra. Dia quente, nenhuma folha a balançar, aqueles dias de ficar morgando numa rede com uma limonada gelada, claro que só em sonho naquele dia.
Poeira vermelha a cobrir o carro, mas ar condicionado ligado, porque ninguém é de ferro, que naquele calor eu estava mais para borracha.
Até ai, tudo tranquilo, uma músiquinha gostosa, daquelas selecionadas no pen drive, e cantarolando, em ingles, frances , italiano...sozinha podia ser em qualquer idioma.
Absorta nos pensamentos, ao mesmo tempo olhando aquela paisagem, seca por falta de uma abençoada chuvinha, que até então não dava o ar de sua graça, vaquinhas pastando num pasto não tão verde assim e, de repente um treminhão (aqueles grandões de tres carrocerias) fazendo uma manobra para entrar num canavial.
Levei um susto grande e brequei......meu coração acelerou, enroloei a lingua mais uma vez, mas não era de uma canção , mas de paura mesmo.
Tudo sob controle, parei, não na contramão, e nem estava a 120 por hora, e esperei aquele mosntrengo virar, revirar, contorcer...a música tocava e eu mais calma cantava, até ai nada.
Celular chamou, falei, liguei, marquei e desmarquei....
E o Jaspion (ele era do mal né) nem me lembro mais, continuava lá mais parecendo um ser extraterrestre.
De repente me senti observada, será? numa estrada pequena de terra, esse treminhão carregado de cana, escondia seres de outras galáxias?
Não, viajei, era de tarde....esses carinhas só aparecem à noite, é o que dizem....
Tirei os óculos escuros, abaixei o vidro e vi um casal de velhinhos ( não dá para precisar a idade) talvez velhinhos como eu, numa carroça, a senhorinha a se proteger com um guarda chuva preto, daqueles bem surrados, algumas varetas tortas e seu companheiro a fumar um cigarrinho de palha , numa calma que dava gosto de se ver.
Eu já irritada com os ETS, batia os dedos nervosamente na direção....SCG
(sindrome de cidade grande ) acabei de inventar, e os dois a me olhar.
Ai o marido me olha e diz:
-Tarrrde dona, dia quente pra daná,respondi: tarrrde pro senhor também
Como falo mais que matraca de semana santa, puxei conversa
- o sr ta indo pra onde?
-na venda comprá mantimento
-eu: - hummmmm
A conversa rolava.....solta....nossa eu até me estranhei....puxa prosa pra passar o tempo.
Celular toca.... era minha filha dizendo que tinha comprado um ipod, um ai qualquer coisa e contava tudo que esse negocio fazia, mas eu estava mais interessada na conversa do marido, porque a mulher nada balbuciava,só consentia com a cabeça, isso que a conversa, ou melhor o monólogo tava em alta.....
Pensei, se meu marido tivesse aqui ele me trocaria por aquela senhorinha quieta e que mantinha a boca fechada (pra não entrar mosquito), que pra ele seria a salvação da lavoura.
Bem desliguei o celular, e como tinha esgotado todo meu assunto arrisquei
e perguntei:
- o sr. acha que vai chover pra baixar a poeira ( homem do campo sabe tudo), até quando a vaca vai parir.
-a chuva inda demora, o estio tá feio, e a senhorinha banava a cabeça
Nisso os invasores deste mundo de cana, entrou no seu destino, eu não queria sair na frente pra eles não comerem poeira, afinal eu estava de jeep e eles de carroça...esperei.
Ele me dissse:
-pode ir dona, nois vai demorá.
Eu fui bem devagar, porque com aquela égua ou cavalo, não vi direito, ele não ia me alcançar e ai fui.....pensando.....pensando
Eu com carro, ipod,ipad, mp5,iphone, celular,o notebook (absolutamente desnecessário naquele lugar) só se fosse para contatos imediatos com os verdinhos no canavial, cds player, pen drive, air bag, gps, trt,tre,ssp, spc, e por ai vai até chegar no etc...
Desliguei tudo, não o carro , porque a pé hoje não estaria escrevendo isso,
pensei...... que vida daqueles dois, um cigarro de palha, um guarda chuva(acho que nem automático era), uma carroça, um cavalo ou égua, uma sacola ou emborná (como dizem por aqui), indo fazer uma comprinha.
Seriam eles mais felizes? Não sei, só vivendo..
Sacudi a poeira, dei a volta por cima, e o Roberto Carlos me emocionou mais uma vez!.....com ...eu tenho tanto.. pra lhe falar...mas com palavras...não sei dizer...como é grande....o meu amor...
por Você!

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